terça-feira, 16 de setembro de 2008

Inteligência Intuitiva


Por Virgínia Marchini


Muitas pessoas já passaram por momentos na vida nos quais se surpreenderam ao tomar consciência de que sabiam que deveriam tomar determinada decisão. Apesar das circunstâncias aparentemente desfavoráveis, algo lhes dizia que deveriam seguir adiante.
Afinal, o que é esse algo que nos direciona a escolhas acertadas, mesmo parecendo racionalmente incorretas? O que faz com que tenhamos um conhecimento que ultrapassa os limites da razão?
Esse algo que todos nós possuímos é parte integrante de nossa personalidade e é chamado de conhecimento intuitivo, uma forma de conhecer que atualmente é uma das maiores ferramentas das pessoas de sucesso.
Um dos problemas do conhecimento intuitivo é a dificuldade que se tem em compreender como ele ocorre e, conseqüentemente, em acreditar que pode-se confiar nele ao tomar decisões. Esta dificuldade está relacionada, em primeiro lugar, aos tabus e preconceitos que ainda cercam o tema. Para muitos, a intuição ainda é um conhecimento que chega de fora, ou seja, é atribuído a fenômenos sobrenaturais.
Hoje, sabemos que isso é um mito. Nossa mente ainda é um território vasto e desconhecido, mas sabe-se que as fontes do conhecimento intuitivo residem em nosso inconsciente que, segundo Jung, não se restringe somente ao armazenamento de conteúdos do passado, mas contém um vasto universo de conhecimento e situações psíquicas passadas e futuras. Para ele, a criatividade e a intuição implicam o estabelecimento de um compromisso direto entre nossos pensamentos mais cotidianos e as estruturas mais profundas que os originam.
Por isso, o acesso à intuição está relacionado à habilidade de dirigirmos a atenção de maneira correta a estes níveis mais profundos da mente, onde podemos nos abastecer em fontes muito mais ricas de conhecimento do que acreditávamos.
Em segundo lugar, a dificuldade de compreensão destes fenômenos advém da postura incrédula que afasta da mente o verdadeiro conhecimento, fazendo com que as pessoas restrinjam seu campo de conhecimento. Por não confiarem na segurança de tais "pontes", que ligam sua vida diária à sua vida mais profunda, estas pessoas reprimem o conhecimento intuitivo e, como conseqüência dessa desconfiança, experimentam um empobrecimento de sua inteligência global.
Conclui-se, portanto, que, após a descoberta da inteligência intuitiva como um atributo do ser humano, o desafio que se apresenta é aprender a confiar e a dar atenção a ela nos momentos em que se manifesta. Matemáticos, físicos e biólogos enfatizam o valor da inteligência intuitiva e consideram fundamental o seu desenvolvimento, comprovando, com isso, que a solução de problemas complexos não depende somente do uso da inteligência racional. A intuição é uma competência cada vez mais requisitada no mundo coorporativo, pois fornece um diferencial ao indivíduo em situações nas quais a pressão e o excesso de informações são fatores preponderantes.
Etimologicamente a palavra intuição vem do latim intueri que significa considerar, ver interiormente ou contemplar. É a partir desse sentido que descobrimos o porquê de sua espontaneidade e imediatismo ao se manifestar, o chamado conhecimento íntimo e unificador.
Diferente do que imaginamos, a intuição se manifesta em momentos de distração, em atividades cotidianas, durante as quais acreditamos que não estarmos pensando, quando na verdade, o nosso inconsciente está trabalhando para que ocorram as percepções intuitivas e, conseqüentemente, nos ofereça as alternativas de resolução para as mais diversas situações.
O desenvolvimento do potencial intuitivo, portanto, está diretamente relacionado à percepção dessa inteligência como parte integrante de nós mesmos e à segurança na utilização desse conhecimento nas questões cruciais de nossas vidas. É também um treinamento contínuo para aprender a diferenciar este conhecimento dos demais.


Virginia Marchini é psicóloga, pós-graduada em Metodologia do Ensino Superior, Hipnoterapia Ericksoniana e Psicologia Analítica. Possui larga experiência profissional em clínica, docente em universidade, além de ser fundadora do Centro de Desenvolvimento do Potencial Intuitivo, onde ministra cursos e presta consultoria de ampliação das competências humanas e profissionais há dez anos .

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