"Eu me sinto cansada!Ao voltar pra casa encontrei uma tarefa duríssima.Vi-me só, sem as "drogas" que me anestesiavam.Lúcida não houve outro jeito senão me defrontar comigo, com a sujeira que eu havia escondido, para que ninguém visse quem eu era de verdade, para que eu não visse que eu mentia, me enganava.
Ao ouvir meu coração, senti sua dor quando ele me disse que nada nem ninguém me fraudavam mais do que eu mesma.
O que antes julgava que seria fácil, simplesmente me desfazer do que eu achava que não me servia mais, simplesmente fazer uma limpesa, jogar fora os entulhos, raivas, mágoas, era puro engano.
Foi então que percebi que eu não sabia nada.Que nunca guardei coisas que não me serviam!Essas eu já havia jogado fora há muito tempo ou simplesmente se foram, partiram ou partiram-se.
O que ficou de fato tinha valor: pedaços de raiva amassados pelo chão, onde eu havia escrito: deixa pra lá. As marcas das agressões físicas que sofri, eram as rachaduras na estrutura da casa.Frases que ouvi, coisas que jamais esqueci, sons que reverberavam nas paredes.Entulhos e mais entulhos que sufocavam minha voz, atavam minhas mãos.
A culpa? Essa era uma velha e conhecida senhora que sentada em sua cadeira de balanço, me olhava criticamente por sobre seus óculos.
Passeando entre os outros aposentos da casa, encontrei-me com uma criança carente, num canto da sala, agarrada a seus desenhos onde retratava a família ideal num dia de sol, assustada com o desamor e a ausência; uma mulher frustrada, olhando no espelho, as marcas do tempo em seu rosto, os sonhos e a vida que lhe escapara das mãos. Mas mesmo minhas coisas nem me reconheciam mais! Era delas que eu ouvia: Quem és tu?Por que voltei?
Por que me enchi de tudo, mas principalmente porque estava cansada de ficar bajulando pessoas para obter o que eu queria, porque cansei de esperar que o mundo me fizesse feliz, porque cansei de colocar minha vida nas mãos e ideais de outras pessoas.
Cansei-me da frustração, da solidão e da tristeza.Cansei-me de ceder à pressão do poder sectorizado, que em todo lugar, alguém sempre exercia sobre mim:o médico, os filhos, o gerente do banco, os amigos, o marido, e cansei-me dos tantos eus meus para cada um dos tantos outros. Vendi, leiloei em partes minha dignidade, vendi meus sonhos, convicções.Para provar que os outros estavam errados sobre o que eles julgavam sobre mim, acabei entrando no jogo deles e assim me tornei mais um rosto sem identidade sem alma. Assim vivi num ciclo vicioso de comportamentos destrutivos e auto-perpetuadores.Pela necessidade de ser amada, aceita, plastifiquei minhas dores, incertezas, frustrações e inquietações e minha vontade própria. Resignei-me, sufoquei-me me!
Depois enveredei no caminho da autopiedade, passando a me sentir vitima.Foi uma das piores coisas que fiz comigo.Junto com isso passei a ver o mundo como inimigo.Isolei-me, enclausurei-me e alimentei-me da raiva dos meus algozes. E assim engordei minhas dores que começaram a conspirar contra mim, me infernizando me ameaçando, como se não bastasse apenas doer.Esse foi o meu calvário e o inicio da minha peregrinação na tentativa de curar a dor, uma por uma. Eram tantas dores gritando que eu não conseguia saber de onde elas vinham; assim precisei realmente parar tudo e sentir cada uma delas, que me ensinaram o caminho no labirinto das minhas emoções até que finalmente eu pudesse chegar ao meu coração.
Mesmo inflamado e ferido, ainda assim ele conseguiu esboçar um sorriso tímido e aliviado porque eu havia chegado a tempo de salvá-lo.Com sua voz ainda frágil ele foi me dizendo muitas coisas, mostrando caminhos a seguir. À medida que fui conhecendo-o, aprendi a ouvi-lo e a respeitá-lo; aprendi a dizer: NÃO e aprendi a dizer: EU.
Como em todo início de relacionamento não nos entendíamos muito bem. Eu não compreendia seu jeito diferente de ser e aos poucos fui-me adaptando, transformando-me.
A melhor parte foi compreender que eu não era a bagagem de experiências que acumulei, que eu não era as dores que sofri, que eu não era só dor e sofrimento. Relacionando-me comigo mesma, fui em busca da minha verdade, da minha essência: organizei as dores, mágoas e sofrimentos em ficheiros, arquivos independentes, uma forma de olhar tudo com distanciamento.
Aos poucos fui analisando-as uma a uma às quais atribui tarefas e metas. Entendi que cada uma das minhas dores, cada um dos meus problemas, era uma lição, um aperfeiçoamento, um laser de lapidação, a catartse das minhas limitações auto-impostas.
Em umas, eu precisava dizer algumas coisas que estavam engasgadas há muito tempo. Em outras, eu precisava marcar meu terreno e coibir invasões, também precisava determinar o que eu queria: que tipo de relacionamento amoroso, por exemplo.
Houve treinamentos também. Foi com eles que aprendi a não me culpar, não ser tão dura comigo mesma; aprendi a deixar meus filhos fazerem bagunça, aprendi a fazer as coisas à meu tempo. Aprendi também que não preciso ser forte sempre, inabalável, que também posso desabar, que posso errar, que posso cair e ok está tudo bem!
Aprendi a lidar com a verdade, sim, a minha verdade!Aprendi a aceitar as pessoas e as situações como elas são, não como eu gostaria.
Aprendi a me amar à medida que aceitei minha humanidade, à medida que aceitei a minha natureza com todos os seus aspectos, sem julgá-los bons ou maus.
Aceitar a minha humanidade, a minha incapacidade de ser perfeita, foi a fórmula precisa para aprender a amar o próximo.
Afinal, num mundo de polaridades, de opostos complementares, a Divindade precisa da nossa Humanidade. O Deus de dentro complementa-se com o Deus de fora.Troquei a busca pela perfeição, pela busca pela excelência.
Continuo na caminhada, marcada algumas vezes por tropeços, outras por sucessos. Às vezes caio, mas sempre me levanto.A bagagem que carrego hoje é muito leve, nem tudo se diluiu ainda; mas também não estou acumulando mais nada, porque nada reprimo, porque nada retenho.
Não estou mais em posição de defesa, nem presa aos resultados; deixo-me apenas me orientar pelas mensagens do meu coração que me indica a direção mais correcta para mim.
Meus pés de peregrino já sabem que as pedras em seu caminho são dádivas que às vezes machucam: a dor vem, mas não é permanente se eu optar por não guardá-la em meu coração.
Não há um alvo a perseguir, nem um destino, é só mais um caminho de uma grande jornada de volta pra casa.Não há mais pressa, pois tempo é algo que não existe mas a certeza de saber para onde vou.Se no meio do caminho, eu me perder, não hesitarei em gritar: "Meu Anjo da Guarda ensina-me a viver na Paz e Alegria ".
Era uma vez uma alma que tinha uma missão a cumprir, mas havia outra que ao mesmo tempo teria que encarnar,mas que teve de esperar e não gostou;pois que ele não iria ser importante nesta epoca e a alma que encarnou era...assim que a alma se tornou fisica foi de imediato rejeitada...e no final do primeiro periodo em que a alma se estava a completar,ou seja quase aos 7 anos...o 2º teste chegou-epilepsia-sarampo(tipo bicho-1,5mes),tosse convulsa....muito tempo de sofrimento mesmo no final da maturação de incorporação......ao fim de 45 anos esta alma sabe, tem noção de sua missão mas ainda tem que sofrer mais fisicamente-o final-para poder passar...pois "roubou" o lugar de uma outra alma que seria de facto um rapaz(conforme o desejado pela mãe física)...mas era duma energia feminina que seria necessário....uma energia para gerar a clau,o alex e o ric....vai aparecendo...recordações, memórias, não sei como chamar, chegam não sei de onde, vívidas, como se eu lá estivesse.